domingo, 31 de maio de 2009

O farol


Deixo Lisboa para trás.
Sobrevoo Barcelona, banhada pela luz morna, cândida do romper da manhã.

Estou de volta a esta cidade, com energias renovadas. Não consigo começar por explicar-te como aquela noite foi importante para mim. Ver-te brilhar assim, ver o teu trabalho transbordante de luz – de tal forma que se estendeu a toda a Avenida – fez-me passar a ver Lisboa como um farol.

O farol que brilha constante, indicando o porto seguro, avisando que a terra está perto, que não iremos vaguear mais, perdidos num mar revolto de mudança, desafios e problemas.

A tua conquista reforçou a crença nos meus próprios projectos. E o sítio a que chamo “Casa” vai estar sempre lá, farol intemporal à beira do Atlântico, onde parte do meu coração fica guardado enquanto eu vagueio por outros mares.

Regresso a Barcelona e sei que no prazo de um mês o projecto “Peques” vai avançar. Que os pequeños da cidade vão passar a ter actividades incríveis aqui no Museu e que tudo vai correr bem. Muito bem. Tenho a certeza disso porque trago comigo parte de uma tal luz que brilhou naquela noite. Mais do que isso, já tenho outro projecto em mente…

E sim, tal como te prometi, vou mesmo tocar à campainha do 1º andar e convidar o meu vizinho para uns pintxos. É isto que a luz dos outros faz às pessoas. Atravessa-nos e contagia-nos.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Etéreo! Volátil!


Sinto que posso voar de tão leve a irreal que me sinto, como se, neste momento, estivesse a olhar para mim, para a vida e para a noite (noite? que horas são? quantas horas foram? quanto tempo já passou?) de fora para dentro, qual personagem do meu próprio filme que não eu. Na plateia de frente para o ecrâ gigante, metade dentro, metade fora. Mas sinto-me bem, tão bem!

A sensação de plenitude, bem estar, megalomania e egocentrismo na sua totalidade que nos rodeia e por nós transborda quando alcançamos, através do nosso esforço e trabalho, aquilo que sempre desejámos e para o qual trabalhámos, é inexplicável! Neste momento, Eu sou Omnipotente, Onipresente, tudo posso, tudo consigo, tudo quero! E quero mais!

A Avenida da Liberdade brilhou a par com as estrelas esta noite! Diría mesmo que brilhou mais, porque uma nova estrela nasceu! A inauguração do novo espaço de verdadeiro lazer da Capital está oficialmente aberto desde esta noite! E que noite!

A partir de hoje, quem se dirigir a Lisboa, terá a oportunidade de ficar alojado no melhor complexo hoteleiro de que há memória. "Hotel de cinco estrelas com quartos com assinatura de designers, únicos, individuais e inigualáveis. Bar e restaurante panorâmico, com serviço de excepção, chef de renome e comida de degustação inesquecível. Spa moderno, adequado às necessidades de cada um . Loja de griffs de renome e acessórios imprescindíveis. Tudo num único espaço, ao serviço de quem aproveita a vida com tudo o que de bom esta tem." dizia nos noticiários online, mesmo antes do sol raiar! As revistas do social rejubilaram com a concentração por metro quadrado de fotografáveis "o espaço mais in de que há memória abriu portas em Lisboa", como se a qualidade, a superioridade e a supremacia fossem secundárias a tanta possiblidade de flash e blush e jet set! Mas até isso me deixa feliz! Até isso correu às mil maravilhas. Mal posso esperar para ver o que vai ser publicado nas revistas da especialidade. Os guias turísticos vão fazer novas edições "só" por causa desta noite!

E não é que a orquídea estava mesmo à esquerda do sofá e o tapete, beringela, lindo de morrer, no sítio que lhe estava destinado? E os candeeiros... os candeeiros, fico arrepiada só de pensar neles. A personalidade que dão ao espaço não tem descrição!

A verdadeira felicidade das pequenas coisas. Quando a junção das pontas soltas se dá. E o brilho ofusca os sentidos. Tudo fica volátil. Etéreo!

E eu sinto-me bem, tão bem.


A.

quarta-feira, 20 de maio de 2009



Estou a caminho.
Estou mesmo a caminho.
A caminho de Lisboa.

Digo-o vezes sem conta porque continuo ainda sem acreditar muito bem que estou de volta por uns dias. De volta a todos os lugares que chamo meus...todos os recantos, todos os abraços apertados, todas as luzes da cidade e todos os silêncios da noite. E é a ti que tenho que agradecer por isto pois, de outra forma, não iria regressar tão cedo.

Consigo imaginar-te, neste preciso momento, a mordiscar nervosamente as unhas e a amaldiçoares-te no momento seguinte por teres lascado o verniz. E sei que estás também à beira de um ataque de nervos porque ninguém partilha desse teu perfeccionismo exacerbado no que toca aos pequenos detalhes.

Sim, são esses detalhes que fazem toda a diferença. E, mais do que nunca, vais brilhar...vais brilhar tanto...e eu vou estar lá, encandeada por tanta luz!

Gostava de saber onde é que vais ter tempo no meio desse caos organizado para ires às compras comigo mas se, no meio disso tudo, ainda encaixares na agenda um almoço comigo no Chiado eu prometo que te deixo escolher a roupa que eu hei-de levar (e isto até inclui uns stiletto para me arruinar os pés em dois minutos).

Ao contrário de ti, sinto que o tempo voa. Voa até depressa demais.
Mas mais importante que isso, voa em direcção a Lisboa.
Onde me vais explicar como se atam pontas soltas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Três dias...


Três dias... só faltam mesmo três dias... a verdadeira contagem decrescente começa a partir de agora!


Por mais que eu diga que não sofro por antecipação e o tenha repetido, a mim mesma ,vezes sem conta durante esta semana, não consigo evitar o nervoso miudinho que me cobre dos pés à cabeça e me faz respirar mais vezes que o habitual, a par com o bater do coração, que está descompassado, desregulado, acelarado.


O que não percebo, é por que é que tudo o resto à minha volta não se encontra à mesma velocidade que eu! Quanto mais velocidade imprimo ao que me rodeia, mais devagar parece andar. Diría mesmo que, se o relógio andasse com os ponteiros para trás, continuaria a ser mais célere!


À primeira vista, a olho nú e inexperiente, qualquer um diría que está tudo pronto, fantástico, maravilhoso. Mas a perfeição só existe quando as pontas soltas das pequenas coisas se encontram. E, à minha vista, as pontas tendem a afastar-se cada vez mais. Porque é que será que só eu o vejo?!


Se a orquídea é para ser colocada à esquerda do sofá, porque raio é que a colocaram em cima da mesa?! Se o tapete beringela foi encomendado para a colecção All Night Long, o que é que ele faz à esquerda do sofá?! Os candeeiros, grandes, lindos, contemporâneos... ainda não estão colocados! Já nem falo das toalhas... horas de formação de "como, quando, como e porquê", parece que foi tudo em vão e que ninguém ouviu uma única palavra do que foi dito!


E nisto, eu mais pareço uma esquizofrénica saída de um qualquer filme de classe Z, verdadeiramente psicótica e obcessiva com o que, a mim, me parece ser o básico do básico. Não me meti neste projecto de corpo e alma para que seja "mais um projecto". Este, vai ser O Projecto da Avenida da Liberdade. E já só faltam três dias!


Por isso, espero que a esta hora já estejas no avião, e que não tenha havido nenhum problema com os bilhetes que a minha secretária te enviou. Ainda temos que te arranjar uma roupa adequada para a ocasião. Que nem te passe pela cabeça levares o mesmo vestido das Ocasiões Especiais, como lhe chamas! Já te falei na importância das pontas soltas?


Hurry up please!


A.

sexta-feira, 8 de maio de 2009



Hey u!
A esta hora estarás, tal como eu, enterrada sob camadas inacreditáveis de trabalho, prazos impossíveis de cumprir e uma ou outra insónia inusitada.

É uma verdade que por estes lados, tudo está a correr de feição. Os projectos que me trouxeram aqui estão finalmente a arrancar, a sair do papel, dos esquemas e dos sonhos projectados e a tornar-se realidade. Já fomos até contactados por outros Museus que querem acompanhar a concretização dos projectos e, se tudo correr bem, implementar algo do género noutros pontos do planeta. Tudo muito bonito (e uma oportunidade incrível de "crescer" mais um bocadinho) mas a responsabilidade que tudo isto acarreta começa a assustar-me. E, depois, está tudo a correr tão incrivelmente "bem" que começo a andar naquela ansiedade estúpida do "ok...quando é que isto vai dar para o torto?".

Porque é que somos sempre assim? Sempre à espera do momento em que qualquer coisa vai correr mal? Porque é que é sempre tão difícil assumir a responsabilidade, tomar o comando da situação com pulso firme em vez de correr a fugir?

Cá recebi a tua surpresa, via e-mail. E que surpresa!!! A Av. da Liberdade vai mesmo ser tua... e eu lá estarei para presenciar o momento! Sem desculpas nem "e se's".

E por aqui continuo. A descobrir cada vez mais cantinhos desta maravilhosa cidade e cada vez com mais saudades de Lisboa. E enquanto não posso passear as minhas alergias ao pólen pela Av. da Liberdade, passeio-os mesmo por aqui.

See ya soon,
Bee

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Nova Viagem?

Nova viagem?

Só mesmo a que vou fazer de carro de forma a chegar ao escritório e a todas as reuniões de trabalho que me esperam. E não são poucas. Tenho que me pôr a par de tudo o que aconteceu na minha ausência. Amanhã bem cedo, tenho que estar na Avenida da Liberdade para confirmar a últimas alterações feitas ao projecto, alterações essas que só acompanhei à distância o que me deixam com o meu sexto sentido em alerta máximo. Não sei se a utilização de todas as novas tecnologias que hoje em dia temos ao nosso dispor, terão sido suficiente. E o tempo disponível já não dá azo a grandes alterações.

E, a partir de agora, todo o tempo vai ser pouco para tudo o que tenho para fazer! O grande dia está a aproximar-se e eu ando com os nervos à flor da pele. Tenho pilhas de dossiers na minha secretária e não sei quantas cartas ainda por abrir. A minha noite vai ser muito comprida e ainda nem sequer começou.

Importante: amanhã a minha secretária vai-te mandar uma pequena surpresa para o teu correio electrónico. Tenho a certeza que vais gostar e espero contar contigo, sem desculpas, sem "e se´s". Ficas avisada com tempo suficiente de antecedência.

Aqui vou eu... de corpo e alma e com toda a energia que tenho acumulada e que se transforma em matéria sempre que o entusiasmo assim mo dita! Vai ser o meu maior projecto até hoje e não vou permitir que nada nem ninguém se meta no meu caminho. O mundo será meu! Bem, pelo menos a Avenida da Liberdade será...

Beijos!

A.