quarta-feira, 1 de abril de 2009

Hey u!

Não, não consegues imaginar a minha cara. Mas ela ficou registada nas câmaras de segurança, para gáudio e felicidade de todos...
Depois desse incidente, que se tornou motivo de piada por todo o Museu, não foi preciso cá mais nenhum forward, e-mail, memo ou o que quer que seja. Toda a gente sabia quem eu era. Todos. Até as senhoras da limpeza.

Mas para dizer a verdade, há males que vêm por bem e o meu trabalho ficou muito mais facilitado. Todos os funcionários ficaram mais receptivos à minha presença e o episódio da minha "detenção" acaba sempre por funcionar como quebra-gelo nas conversas. Ao que parece, foi um problema informático qualquer que teve a ver com umas actualizações aos programas da recepção. Qualquer coisa do género. Não sei se foi realmente isso mas vou acreditar que as coisas aqui funcionam mesmo de maneira diferente do que em Portugal. Outras coisas que funcionam de maneira diferente: ninguém acha que estou aqui para lhes roubar o lugar e há um ambiente descontraído e informal. Exactamente como eu sempre desejei.

Assim, depois de conhecidos todos os funcionários, estou a debruçar-me sobre os visitantes do Museu para poder começar a traçar projectos de integração, interacção e actividades. Também há que captar públicos novos. Na próxima semana, tenho reunião com a Direcção para apresentar os primeiros esboços e decidi começar pelos mais novos. Já existe uma visita guiada para os mais pequenos mas quero torná-la mais dinâmica e animada, com actividades nos jardins (que estão claramente subaproveitados). Ontem acompanhei uma dessas visitas. Um grupo de miúdos de pré-primária, com 4 anos. Em fila, agarrados aos bibes do coleguinha da frente. Acreditas que não houve uma única birra?! Ninguém chorou ou amuou! Nem mesmo frente a alguns dos quadros mais abstractos, com dois ou três borrões de tinta (onde até a mim às vezes, secretamente, me dá vontade de chorar...).

Era bom que em Portugal também fosse assim. Apresentar os putos à Cultura e mostrar-lhes que ela não é um bicho de sete cabeças. Começam a haver esforços nesse sentido, é certo. Mas é triste ver a ignorância e a falta de interesse...

E pronto, muito trabalho no futuro próximo e uma vontade tremenda de o fazer! Por esta altura já deves estar em pleno voo, a deixar Paris para trás, bem como uma dezena de criancinhas assustadas e de lágrimas nos olhos, traumatizadas porque lhes roubaram a moedinha que iam mandar para a fonte. Shame on you!!! Agora mais a sério, sei que no meio de tantos desejos pediste um por mim: que em breve possamos percorrer e sonhar nas ruas de Paris. As duas. Quem diz Paris, diz outra grande cidade qualquer. Essa proposta que lançaste para o ar há uns tempos, ainda se mantém?

See ya soon,
B.

p.s. - primeira aquisição supérflua lá para casa: uma televisão. É ridículo, eu sei, mas pelo menos não sinto a casa tão vazia de gente. O problema foi que, como era uma promoção fantástica, não havia serviço de entrega ao domicílio. Cravei o vizinho do 1º andar para me ajudar a levar o "monstrinho" escadas acima. Das duas uma, ou arranjei a forma perfeita de conhecer a vizinhança ou ando por aí a criar ódios de estimação.

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